quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

ECO 123 - Prémio de Jornalismo

No passado mês de Novembro concorri ao prémio de jornalismo ECO 123 (organizado pela Editora Tempo Passa Publicações) com uma entrevista ao engenheiro Ricardo Nabais dinamizador do projecto Gesterra. O tema do concurso era "Viver e Trabalhar em Portugal - soluções ecológicas para a crise económica". Na semana passada comunicaram-me que estava entre os finalistas do prémio e no sábado passado, em Faro, na cerimónia de entrega dos prémios soube que tinha ficado em terceiro lugar.

Em primeiro lugar quero agradecer ao Ricardo Nabais a disponibilidade para a entrevista. Sobre o seu projecto ouvi coisas muito boas nas conversas que tive por lá. E muitas manifestações de interesse. A este prémio concorreram trabalhos sobre temas muito diversos como uma empresa (Amo - produto local) que comercializa produtos do Geopark Naturtejo de forma inovadora (foi o excelente trabalho que venceu o prémio), um carteiro que entrega encomendas de bicicleta, a visita dos alunos de uma escola a uma herdade que produz azeite no Alentejo, ou o dia-a-dia de uma "eco-comunidade" na serra algarvia, entre outros...

Portugueses e estrangeiros elaboraram para este prémio trabalhos sobre como a agricultura pode contribuir para ultrapassarmos esta crise. As preocupações de todos são muito semelhantes quer vivam na serra algarvia, no Alentejo ou na interior beirão: a desertificação, o abandono dos campos, a degradação do ambiente... Assuntos que de uma forma ou de outra tenho tratado neste espaço. Preocupações que tenho tido e que tenho mencionado por aqui. No fundo a defesa das "nossas coisas". Agradeço por isso também aos leitores do blogue e às pessoas que me têm abordado sobre estes temas. O prémio também é vosso.

PS: Os trabalhos finalistas do Prémio ECO 123 serão publicados no primeiro número da revista ECO a sair em Março de 2013. 


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Será 2013 o ano do Noéme?

Fomos assistindo ao longo dos anos ao atentado ambiental contra o rio Noéme. Conhecido, consentido, ignorado... e testemunhado por diversas vezes nas páginas deste blogue ou na comunicação social. Aqui, ali, acolá vimos descargas poluentes no rio. Impunes.

O problema continuou a ser debatido/exposto/denunciado na blogosfera e na comunicação social local e nacional (Biosfera - RTP2, Correio da Manhã, O Interior, Nova Guarda, Rádio Altitude, A Guarda...). Continua online a petição "Em defesa do rio Noéme". Acredito que ninguém na Guarda não esteja esclarecido sobre este grave problema ambiental.

Em 2011, o Partido Ecologista "Os Verdes" questionou o Governo sobre a poluição do rio Noéme e a ARH Norte respondeu a algumas questões colocadas por este blogue chamando ao crime "grave disfunção ambiental". Finalmente a 25 de Maio a Câmara Municipal da Guarda anunciou o início da construção da estação elevatória de águas residuais para a despoluição do rio.

As populações afectadas pelo problema abraçaram a luta. Em 2008 e 2012 realizaram-se marchas "Pelo Noéme Contra a Poluição" e os eleitos locais moveram esforços junto das entidades oficiais em defesa dos interesses das populações.

Não sei o estado das obras neste momento. Se os planos se tiverem cumprido estarão quase a ser finalizadas e por isso deixarão de existir descargas de efluentes no rio. Obrigatoriamente terão de deixar de existir. E se ainda assim o rio Noéme continuar poluído teremos de descobrir e denunciar os focos de poluição.

Teremos em 2013 um rio Noéme despoluído?

domingo, 16 de dezembro de 2012

Tudo na mesma

"Moreira da Silva propõe agravar impostos ambientais"

Até se podem aumentar os impostos e multas ambientais... se a Justiça não funcionar fica tudo na mesma.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Parangonas (2)

Outra forma de comunicação (política? técnica?) bastante usado consiste no uso das siglas indecifráveis. Tal como os chavões vazios de conteúdo que referi no post anterior também dão óptimas parangonas.



Atente-se no "penuea" - Programa Nacional de Uso Eficiente da Água. "O PENUA tem como principal objectivo a promoção do Uso Eficiente da Água em Portugal, especialmente nos setores urbano, agrícola e industrial, contribuindo para minimizar os riscos de escassez hídrica e para melhorar as condições ambientais nos meios hídricos, sem pôr em causa as necessidades vitais e a qualidade de vida das populações, bem como o desenvolvimento socioeconómico do País". (transcrevo do artigo redigido por Manuel Lacerda, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente I.P. e Director Nacional da Água, publicado na revista Ingenium).

Chega a ser ridículo falar-se em grandes planos quando a questão mais simples - impedir que a indústria faça descargas a céu aberto num pequeno rio - não é resolvida. É ridículo falar em "redução das pressões quantitativas e qualitativas sobre as massas de água" (a menos que para fins puramente de humor e ironia) quando constatamos que existe um pequeno rio, a algumas centenas de quilómetros do edifício onde está sediada a Agência Portuguesa do Ambiente e a Direcção(?) Nacional da Água, sem vida porque sofre de "pressões quantitativas e qualitativas" por parte da indústria. 

Quem elaborou o documento não terá certamente saído do gabinete. Provavelmente   desconhece que ainda há (em 2012!!!) rios poluídos em Portugal (alguns da forma mais básica possível e perfeitamente consentida pelas autoridades). Termino com uma expressão usada no artigo: "A melhoria da eficiência do uso da água é necessária porque: é um imperativo ético. A água é fundamental para a vida, precisa de ser gerida tendo em conta as gerações seguintes."


domingo, 9 de dezembro de 2012

Parangonas (1)

"Em termos de recursos naturais, o caminho a fazer é o da eficiência" diz a ministra Assunção Cristas numa entrevista publicada na revista Ingenium. Quando questionados sobre as questões do Ambiente os responsáveis governamentais recorrem habitualmente aos chavões que darão concerteza bons títulos de jornal. Mesmo que vazios de conteúdo.

Quanto à "eficiência" no uso dos recursos e ao caso concreto do rio Noéme. As populações têm sido privadas de usar o rio Noéme. Nem bem, nem mal. Simplesmente, não podem usufruir do rio. Ao longo destas décadas só os poluidores têm usado o rio Noéme. De forma constante e ininterrupta têm usado o rio como depósito dos seus resíduos. 

Não sei se o fazem da forma eficiente que a ministra reclama. 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

10 Ideias Para o Noéme

"Proponho a limpeza de todos os caminhos que vão dar à ribeira para que toda a gente possa lá ir."

AM

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

"Guarda: e agora?"


“No cimo de monte inhospito, 
junto da nevada Estrella,

se ergue uma cidade. É n’ ella 
que vamos, leitor entrar.
É fria, ventosa e húmida

feia, denegrida e forte,

que o reino, contra a má sorte, 
era obrigado a guardar."
Tomás Ribeiro
Vivemos tempos de crise. Dizem-nos isso os economistas; dizem-nos isso os políticos; diz-nos isso a opinião publicada. Interiorizámos. Também se vivia em crise quando em 1384, Dom Álvaro Gil Cabral se recusou entregar as chaves da Cidade aos castelhanos. Também se vivia em crise quando as tropas francesas invadiram e pilharam a Cidade. Vivia-se em crise quando, numa Guarda paroquial e conservadora, José Augusto de Castro lutava por uma República (e Carolina Beatriz Ângelo exigia apenas: Votar!). Em todos os períodos de crise (e este é-o, e não só económica ou financeira) existiram sempre homens e mulheres capazes de intervir, liderar e superar as dificuldades. Não será diferente agora.
A Guarda da actualidade vive resignada, apática e sem esperança num qualquer e incompreensível sentimento de inferioridade face a cidades vizinhas. Como que assumindo um qualquer medo de existir (ou pior, uma vergonha de existir). Desistindo de ser a Capital e desresponsabilizando-se da sua condição. Essa liderança foi-lhe confiada por Dom Sancho I quando em 1199 atribuiu a Carta de Foral e foi reforçada em 1202 com a transferência da Diocese Egitaniense. Aceitar ser a Capital não é uma escolha que a Guarda possa fazer: é uma obrigação histórica. Tirando partido de uma posição geográfica excepcional, tornou-se por essa altura um centro administrativo, comercial e de defesa de grande importância. Já no século XX não podemos esquecer o papel importante que teve no tratamento da tuberculose em Portugal. A 18 de Maio de 1907 foi inaugurado o Sanatório Sousa Martins, o primeiro do país. O estudo das potencialidades do clima e ar da Guarda no tratamento dessa doença começou no século XIX na célebre expedição científica à Serra da Estrela. Mas a Guarda da actualidade parece de costas voltadas para a Serra. Incompreensivelmente de costas voltadas para “a força polarizadora da Beira” nas palavras de Miguel Torga. Quando a Guarda se menoriza está a diminuir todo um território geográfico, social e afectivo que espera muito dela.
A Guarda da actualidade tem alguns momentos de criatividade e de arrojo que a colocam no lugar onde deve (e pode) estar e às vezes mais além ainda. Mas são apenas rasgos na manta pesada de resignação e de conservadorismo que cobre a Cidade. Uma manta que desconfia do que é bem feito como se de pecado se tratasse. Uma manta que pesa demasiado nos ombros dos Guardenses em vez de os abrigar. Esses momentos singulares têm de ser a regra, a matriz e o motor da Guarda. Têm de ser a toalha de linho. Porque a Guarda até tem a originalidade de ter tido um criativo à frente dos seus destinos. Do doutor Alberto Diniz da Fonseca (presidente da Câmara Municipal entre 1947 e 1953) conhece-se o exagero: “Foi na Guarda que nasceu o Império Romano” ou “São Francisco de Assis esteve na Guarda”. Dizer “Até o Anjo é da Guarda”, mais do que um delírio bairrista é um delírio de imaginação (e nos dias de hoje de marketing e de comunicação) que deveria ser a marca da Cidade. A Guarda da actualidade não tem de ter pudor ou vergonha de pronunciar a palavra - Cultura! E tem essa tradição: a Sé Catedral acolheu ao longo dos tempos os melhores compositores da época (lembro João José Baldi) e foram muitos os poetas que cantaram a Cidade.
Por vezes a falta de imaginação não é mais que falta de memória. Para se afirmar, a Guarda tem de resolver os permanentes equívocos em que vive. Porque está tão distante da Serra da Estrela? Porque não promove o seu fantástico clima? Porque não valoriza o Ambiente, o Património e a História? Porque não acarinha a Cultura? Porque não tira partido da sua extraordinária localização geográfica e estratégica para atrair investimentos? A Guarda tem os recursos para ultrapassar o momento de crise que vivemos. Não pode continuar a adiar o futuro. Mas temos a certeza, relembrando o nosso Eduardo Lourenço, que seja o que for que aí venha, para o ano ainda haverá Guarda.
Márcio Fonseca

(Texto publicado no GuardaViva - Boletim Municipal comemorativo dos 813 anos da Cidade da Guarda e disponível aqui para download)

domingo, 25 de novembro de 2012

"Implementação de novas dinâmicas no que concerne às políticas ambientais"

"Implementação de novas dinâmicas no que concerne às políticas ambientais". Retiro a frase do título, da entrevista que o presidente Joaquim Valente deu ao jornal Terras da Beira (publicada na edição desta semana e na anterior).

A frase que cito foi proferida quando questionado sobre as obras que marcam o seu mandato. A frase em si é totalmente vazia de sentido e conteúdo.  A frase é totalmente inexpressiva. Não sei (haverá alguém que saiba?) o que quer dizer.

Independentemente disso, e não querendo parecer chato, devo relembrar que o rio Noéme continua poluído, que as descargas poluentes continuam conforme tem sido aqui documentado e que ainda hoje a água corria com um manto de espuma à superfície. Até hoje, não houve qualquer dinâmica que mudasse isto.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Resultado da sondagem "Acredita que o Rio Noéme estará despoluído em 2013?"

A sondagem terminou. O universo de votantes é pequeno mas números são números: 75% dos votantes não acredita na despoluição do rio Noéme no próximo ano.

Avanço várias hipóteses:

- Será devido a possíveis atrasos na construção da estação elevatória da Quinta da Granja?

- Será por temerem a existência de outros focos poluidores?

- Será por este processo se ter arrastado por demasiado tempo?

- Será por este assunto ser tratado pelo vereador responsável pelo saneamento, como se de um simples problema de canalizações se tratasse, em vez de se lhe atribuir a importância e prioridade que deveria ter?

domingo, 11 de novembro de 2012

Sondagem: "Acredita que o rio Noéme estará despoluído em 2013?"

Deixo aqui uma pergunta muito simples e directa aos leitores das Crónicas: 
"Acredita que o rio Noéme estará despoluído em 2013?"

Quem diz que sim? Quem diz que não? A sondagem ficará disponível até ao próximo domingo, no canto superior direito da página.

sábado, 10 de novembro de 2012

10 Ideias Para o Noéme

"Candidatar o Rio Noéme ao Projecto Rios"

QUERCUS - Guarda

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Moderno vs Antigo

Portugal era, na opinião do professor Viriato Soromenho-Marques, um país que podia lutar pela liderança no domínio das tecnologias ligadas ao cluster ambiental. A aposta que já vinha dos anos 90 foi interrompida por causa da crise deitando fora trabalho de décadas com consequências ambientais e económicas.

Ao mesmo tempo que Portugal desenvolvia tecnologia de ponta nesse sector, permitia (permite ainda) que se destruíssem rios com descargas poluentes a céu aberto e sem qualquer tipo de tratamento.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Nova descarga poluente no rio Noéme

 
Conforme se pode ver no vídeo hoje aconteceu mais uma descarga de resíduos poluentes no rio.

Local: Gata
Data: 29 de Outubro de 2012

domingo, 28 de outubro de 2012

"Água corrente não mata a gente"

Nos tempos pré-modernos (pré-saneamento, pré-industrialização, pré-água-canalizada) os antigos avaliavam assim salubridade da água: "água corrente não mata a gente".

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Sobre o estado das obras

Em declarações à Rádio Altitude no início deste mês, o vereador Vítor Santos afirmou que as obras da infra-estrutura que irá permitir despoluir o rio Noéme decorrem conforme planeado e que as mesmas terminarão este ano.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

"Os objectos do rio" de Gonçalo M. Tavares

"Mas nunca viu peixes?, isto é um rio: há objectos e animais que pertencem à água, assim como há gestos e pensamentos que pertencem ao amor"

Gonçalo M. Tavares


domingo, 14 de outubro de 2012

Ideias para o Noémi


IDEIAS PARA O NOÉMI

"Quando alguém destrói um bem que pertence a outrem por norma é condenado a devolver o bem ao seu proprietário tal como se encontrava antes de o ter destruído.
É assim para todos os cidadãos. 
Mas pelos vistos não é assim quando o agressor é uma entidade que teria a obrigação de evitar a destruição.
Neste último caso, a pena deveria ser agravada por razões que todos percebemos.
A Câmara da Guarda deve para começar, deixar de permitir as descargas no rio e, em paralelo iniciar a sua limpeza pelo menos na parte que pertence eu seu concelho. Deve igualmente participar na limpeza do rio por forma a repor as condições que ela permitiu que se estragasse.

Uma ideia para o Noémi

Nós que somos aqueles cujas terras acabaram por sofrer a incúria das decisões referidas acima, também podemos e devemos participar na recuperação do rio e seu repovoamento.Cada junta de freguesia que confine com o noémi deve organizar brigadas de voluntários para o limpar. Por que não aproveitar os recursos que algumas obtêm da extracção de areia para essa tarefa?Talvez venham a surgir mais."

JFernandes (Pailobo)

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

10 Ideias Para o Noéme

É imperativo destruir esta conduta, reabilitar paisagisticamente este local e assinalá-lo com uma inscrição que diga algo como "Durante anos aqui se atentou contra o rio Noéme". Para memória futura.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Descarga poluente no rio Noéme: Rádio Altitude

A última descarga poluente no rio Noéme foi notícia na Rádio Altitude às 08:30.

domingo, 7 de outubro de 2012

Descarga poluente no rio Noéme


Estarão em curso as obras que poderão resolver este problema. Cada dia que passa é mais um dia em que poderão haver mais descargas poluentes como esta. Cada descarga destas representa um falhanço da justiça, da política e da sociedade.

Local: Gata (concelho da Guarda)
Data: 05 de Outubro de 2012

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

"Nuvens correndo num rio", de Natália Correia

Nuvens correndo num rio
Quem sabe onde vão parar?
Fantasma do meu navio
Não corras, vai devagar!

Vais por caminhos de bruma

Que são caminhos de olvido.
Não queiras, ó meu navio,
Ser um navio perdido.

Sonhos içados ao vento

Querem estrelas varejar!
Velas do meu pensamento
Aonde me quereis levar?

Não corras, ó meu navio

Navega mais devagar,
Que nuvens correndo em rio,
Quem sabe onde vão parar?

Que este destino em que venho

É uma troça tão triste;
Um navio que não tenho
Num rio que não existe.



Natália Correia

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

10 Ideias Para o Noéme - memória descritiva do logotipo


"A ideia é: o pessoal senta-se à roda da mesa e começa a debitar ideias para resolver os problemas do Noéme. Qual é a primeira coisa que fazem? Escrever com um marcador no topo da folha o que está no logo:

10 ideias para o Noéme:

É um convite a quem vê a participar já que, e como se vê, os dois pontos (:) reforçam esta ideia. Para completar, marcadores fluorescentes (azul da água pura) para reforçar a importância deste título.

O logotipo pretende lembrar os cartazes feitos à mão pelo povo nas manifestações de rua. Um movimento global mas muito personalizado e pessoal."

Victor Sousa
Director de Arte

terça-feira, 18 de setembro de 2012

10 Ideias Para o Noéme

A ideia é simples: partimos da premissa que no início do próximo ano não haverá mais descargas poluentes no rio Noéme e que este nos é devolvido conforme nos prometeram! O que fazer com ele?

Deixo por isso o seguinte repto aos leitores deste blogue: enviem para o endereço de correio do blogue ou para a caixa de comentário as vossas ideias para o nosso rio. De preferência ideias que não dependam das instituições oficiais; apenas ideias que qualquer pessoa possa executar sem depender de nenhuma entidade.

Se o rio Noéme voltar a ser nosso foi porque lutámos. Temos agora de cuidar dele para que não volte a acontecer o mesmo no futuro. É hora de nos responsabilizarmos por ele.



domingo, 9 de setembro de 2012

"A espuma dos dias", grande reportagem SIC

Mais logo no Jornal da Noite da SIC irá ser transmitida a reportagem "A espuma dos dias" sobre pessoas que ainda lavam no rio.

Esta espuma não é a mesma que se vê regularmente no nosso Rio.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

E as obras?

Já começaram as obras da estação elevatória Quinta da Granja?
Já há obra à vista ou é tudo subterrâneo ainda?
Vão estar prontas antes do final do ano?
Onde é ao certo a Quinta da Granja?
Vamos ter o Noéme limpo?

Estas são as perguntas do momento.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

"Água, um monopólio natural", de Luísa Schmidt

Artigo publicado no Expresso desta semana.



sábado, 18 de agosto de 2012

"As obras emblemáticas dos últimos anos foram todas na área da cultura e isso não cria emprego, nem competitividade"

Parece estar aberta a campanha eleitoral para a Câmara da Guarda com a entrevista que o presidente da distrital do PSD concedeu ao jornal "O Interior". Nesta entrevista defende claramente um programa que contrarie a aposta na Cultura (única área em que a Guarda está vários passos à frente de outras cidades do país): "As obras emblemáticas dos últimos anos foram todas na área da cultura e isso não cria emprego, nem competitividade... Portanto, temos de reverter essas apostas estratégicas da Guarda, que têm que se virar para a promoção do desenvolvimento económico, da sua competitividade e do emprego." 

Estas declarações denotam, para já, três factos importantes, quando estamos a praticamente um ano das eleições:

- O presidente da distrital do PSD demonstra um profundo desconhecimento do papel que a Cultura desempenha nas sociedades modernas. Não sabe o que são "cidades criativas" e do desenvolvimento que essas cidades alcançaram por atraírem precisamente empresas ligadas à "indústria da criatividade". Tem ainda tempo para se documentar e visitar algumas delas neste ano que ainda falta até à elaboração de um programa eleitoral (eleitoral, nem sequer digo estratégico).

- "O próximo presidente da Câmara tem que trazer empresas, serviços e emprego". A sua estratégia de futuro para a Guarda passa por tentar apanhar um comboio que a Guarda perdeu faz muito tempo. Quer trazer empresas e serviços quando já não existem empresas e serviços em Portugal. Pelos menos as convencionais: poderia tentar trazer as empresas criativas e inovadoras, mas essas, segundo ele, "não criam emprego, nem competitividade".

- O que se faz no TMG é segundo ele, "muito caro, embora muito meritório". Mas não cria emprego nem competitividade e é preciso reverter essas apostas estratégicas. Ou seja, destruir a única área em que a Guarda se pode realmente continuar a afirmar e a mais reconhecida (porventura mais acarinhada e compreendida fora da Guarda do que cá dentro).

Conhecendo-se estas afirmações, e é bom conhecê-las de forma assim clara, cabe fazer uma pergunta: que tipo de empresas pretende tentar trazer para a Guarda?
 
Acompanhei as últimas eleições autárquicas neste blogue, faz três anos mais ou menos. Lembro-me que nenhum dos programas eleitorais do PS ou do PSD traziam a despoluição do rio Noéme como prioridade. O candidato do PS referiu-se a essa questão num debate na Rádio Altitude e depois num comício no Rochoso disse "que iria ser resolvido o problema com urgência (cito de cor)". Do candidato do PSD não se ouviu nada sobre o tema e mesmo no Rochoso, apresentou-se aos eleitores e saiu antes sequer de haver perguntas dos presentes.

Como todos sabem a poluição do rio Noéme continua a ser uma realidade. A resolução do problema foi anunciada para o final de 2012, tendo em conta o tempo de execução da obra que estará em curso (tinha sido anunciado que a sua resolução tinha carácter de urgência). A resolver-se este problema concreto e muito grave, será uma vitória da sociedade civil que conseguiu colocar este assunto na ordem do dia e pressionar a Câmara Municipal da Guarda a resolvê-lo.

A resolver-se o problema de poluição do rio Noéme pode abrir-se caminho para uma Guarda diferente. Finalmente amiga do Ambiente, e com possibilidade de, agora sim, trazer projectos e empresas que apostem nesta área e aproveitem as grandes potencialidades que temos. Cultura e Ambiente podem trazer desenvolvimento à Guarda. Ou queremos voltar ao tempo das empresas poluidoras?

Por isso pergunto: 
Que tipo de empresas queremos na Guarda?
Qual o papel que o Ambiente deverá ter no futuro da Guarda?

terça-feira, 14 de agosto de 2012

PROVE na Guarda

Foi apresentado no passado dia 7 de Agosto, na Guarda, o programa PROVE. Trata-se de um programa onde os produtores agrícolas distribuem os seus produtos directamente ao consumidor seguindo uma determinada metodologia. Já aqui tenho referido por mais que uma vez que uma agricultura de proximidade pode trazer nova vida às nossas terras. Por isso é de salientar esta iniciativa.

O filme abaixo apresentado foi realizado pela Mara Gonçalves, a Ana Gabriela Pereira e por mim, no âmbito do programa Europa2111, organizado em Portugal pelo CENJOR, e retrata a conversa que tivemos em Abril passado com algumas produtoras envolvidas no programa PROVE na zona de Setúbal.



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A caneta que assina a lei pode ser tão criminosa como o isqueiro que acende o fogo


Vem isto a propósito de um projecto-lei que o Governo pretende apresentar, que permite a plantação de eucaliptos como se de uma outra árvore se tratasse. Devido às especificidades do eucalipto, hoje em dia é necessário licenciamento para reflorestar áreas ardidas com este tipo de árvore. Isto porque o eucalipto  consome mais água, degrada os solos e permite a propagação de incêndios com facilidade. 

Se este projecto-lei for aprovado estaremos perante o maior retrocesso na política florestal em Portugal com consequências graves em termos de ambiente e ordenamento do território. Significará a curto prazo o fim da floresta tradicional. Em breve desaparecerão da nossa paisagem os carvalhos, os sobreiros, os castanheiros e outras espécies existentes no nosso território. E é totalmente contrária aquilo que se tem feito em termos de legislação da floresta no resto da Europa.

Sabe-se que o eucalipto é uma espécie rentável no curto prazo. A visão e a estratégia dos nossos governantes não lhes permite ver mais que isso - o imediato. O crime que estão prestes a cometer irá destruir a floresta que ainda existe e pôr em causa a viabilidade de outros sectores como a agricultura ou o turismo.

Defender a floresta portuguesa, e agora está visto que a ameaça não vem só dos incêndios florestais, passa por ordenar a floresta, encontrar os seus donos, mantê-la limpa, defender as espécies endógenas... Legislar e actuar nesse sentido tem efeitos a longo prazo. Muito além da vista dos nossos governantes.

Notas:
1. Pode ler-se no Diário de Notícias um interessante artigo sobre a floresta em Portugal.
2. O comunicado de imprensa da Liga para a Protecção da Natureza pode ler-se aqui.

Agência Portuguesa do Ambiente

Já se encontra online o site da Agência Portuguesa do Ambiente. As atribuições desta nova entidade governamental podem ler-se aqui.

Era ideia do Governo, aquando da tomada de posse, que este organismo reunisse as competências das diversas entidades ligadas ao sector do Ambiente. Na altura escrevi a minha opinião sobre o assunto aqui.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

"Os rios", de João Cabral de Melo Neto

Os rios que eu encontro
vão seguindo comigo.
Rios são de água pouca,
em que a água sempre está por um fio.
Cortados no verão
que faz secar todos os rios.
Rios todos com nome
e que abraço como a amigos.
Uns com nome de gente,
outros com nome de bicho,
uns com nome de santo,
muitos só com apelido.
Mas todos como a gente
que por aqui tenho visto:
a gente cuja vida
se interrompe quando os rios.


João Cabral de Melo Neto 

sábado, 28 de julho de 2012

SOS Rio Paiva: Há muitas formas de luta

"Recentemente, os alunos do Curso Profissional da Escola Secundária de Castro Daire, e o professor responsável Filipe Duarte, desenvolveram um jogo designado SOS Rio Paiva com o objectivo de sensibilizar e consciencializar as pessoas para a poluição ambiental, nomeadamente no Rio Paiva mais conhecido pelo rio mais limpo da Europa que, entretanto tem sofrido alguns ataques ambientais.

Pode ler-se a notícias completa aqui.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

"Refutar Unamuno", de Viriato Soromenho Marques

Um excelente artigo de opinião de Viriato Soromenho Marques publicado no Diário de Notícias.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

"Na ribeira deste rio", Fernando Pessoa

Na ribeira deste rio
Ou na ribeira daquele
Passam meus dias a fio.
Nada me impede, me impele,
Me dá calor ou dá frio.

Vou vendo o que o rio faz
Quando o rio não faz nada.
Vejo os rastros que ele traz,

Numa sequência arrastada,
Do que ficou para trás.


Vou vendo e vou meditando,
Não bem no rio que passa
Mas só no que estou pensando,
Porque o bem dele é que faça
Eu não ver que vai passando.

Vou na ribeira do rio
Que está aqui ou ali,
E do seu curso me fio,
Porque, se o vi ou não vi.
Ele passa e eu confio.


Fernando Pessoa

quarta-feira, 18 de julho de 2012

domingo, 15 de julho de 2012

A propósito da exposição "Morcela da Guarda – Tradição, saber e sabor"

Fui ver ontem a exposição "Morcela da Guarda – Tradição, saber e sabor" patente no Paço da Cultura da Guarda. É uma exposição, em meu entender, muito bem conseguida onde estão expostas fotografias de grande qualidade sobre a matança do porco e a morcela da Guarda.


Esta prática - a matança do porco - ainda está muito presente na minha geração mas tende a desaparecer e em breve não passará de uma memória e daí a pertinência desta exposição. Bem como a divulgação da Morcela, um dos grandes produtos que a Guarda tem.


Duas fotografias chamaram a minha atenção: mulheres a lavarem as tripas do porco na ribeira. Faz parte da lembrança que tenho das matanças ver as mulheres a lavarem as tripas na ribeira (no Noéme) ou nos ribeiros que vão dar ao Noéme. E se esta imagem ainda está presente na minha memória outras só as conheço de ouvir contar. Não me lembro de alguma vez ver o moínho a funcionar (embora me recorde do senhor Pires, o moleiro). E há poucos registos da rega com burros a puxar a nora. E só as pessoas mais velhas se lembram do cultivo do linho no Rochoso.


É por isso que um rio Noéme limpo não é só uma questão ambiental. Também o é, claramente o é. Mas é também uma questão de memória. Das nossas memórias.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

"O homem que faz nascer rios"

Pode ler-se este interessante perfil publicado na Visão.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Denúncias

Um dos principais  (e bem conhecido da população) focos poluentes do rio Noéme estará a ser resolvido com a construção da Estação Elevatória da Quinta da Granja.

Também se fala recorrentemente que poderão existir outros focos de poluição contudo sem que sejam denunciados publicamente.

De forma a que possamos voltar a ter um rio limpo, peço aos leitores do blogue que caso saibam de outras situações as denunciem publicamente, usando a caixa de comentários do blogue (não publicarei comentários anónimos), o email do blogue ou então contactando directamente o SEPNA (808200520).

domingo, 1 de julho de 2012

Conduta


É urgente que logo que sejam concluídas as obras da Estação Elevatória da Quinta da Granja, a primeira medida a tomar seja a destruição da canalização da fotografia abaixo.


segunda-feira, 25 de junho de 2012

Caminhada pelo Interior


Faz sentido nos tempos incertos em que vivemos reclamar a despoluição do rio Noéme?
Faz sentido investir recursos e mobilizar meios tendo em vista uma solução para este grave problema?
Faz sentido as pessoas defenderem aquilo que é seu?
A resposta é sim.
O património natural e paisagístico que constitui o rio Noéme tem vindo a ser destruído desde a década de oitenta. Os detritos domésticos deixaram de ser despejados directamente no rio, mas o mesmo não aconteceu aos efluentes industriais. As populações do concelho da Guarda, Sabugal e Almeida têm vindo desde essa altura a ser privadas de um recurso que é seu por direito.
O que as populações reclamam não é um luxo ou uma mordomia! As gentes destes lugares lutam por um património que lhes foi deixado pelos seus avós e pelas memórias dos locais onde um dia aprenderam a nadar ou apanharam os primeiros peixes.
À luz daquilo que é a modernidade, e tomando como exemplo aquilo que se faz no grupo dos países desenvolvidos onde nos inserimos, esta questão nem se deveria colocar. Este atentado é inqualificável e envergonha-nos. Noutros sítios procuram-se formas de melhorar a qualidade de vida das pessoas, rentabilizar os recursos naturais e sensibilizar as populações para a defesa do meio ambiente. Aqui presenciamos diariamente a morte de um rio.
Foi anunciado recentemente a construção de uma infra-estrutura que conduzirá os efluentes industriais poluentes para uma ETAR. A concretizar-se, poderá estar próximo o fim da poluição do rio Noéme. Em breve voltaremos a ver peixes na ribeira. Em breve voltaremos ao nosso Rio.

Márcio Fonseca
Autor do blogue “Crónicas do Noéme”


(Texto escrito a propósito da Caminhada Pelo Interior, organizada pela freguesia
 de Cerdeira e que se realizou ontem)

terça-feira, 19 de junho de 2012

Enquanto não terminam as obras...

 
Data: Sexta-feira, 15 de Junho de 2012

segunda-feira, 18 de junho de 2012

58ª Caminhada pelo Interior


Mais detalhes sobre a programação deste evento podem ser consultados aqui.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

"Mais quero um asno que me carregue, que cavalo que me derrube"

Regresso à Guarda e constato que voltam à ordem do dia temas recorrentes. Desta vez é a possível extinção da Culturguarda e o encerramento da Maternidade da Guarda.

Sobre o primeiro caso, a pretexto de uma regra calculada a régua e esquadro (ter 50% de receitas próprias) para todas as empresas municipais independentemente da actividade a que se dedicam, pode destruir-se uma equipa muito competente, empenhada e com provas dadas ao longo de sete anos. Sem avaliação do trabalho efectuado. Destrói-se o capital humano que colocou a Guarda no mapa da Cultura em Portugal e pode estar em causa a manutenção do Teatro Municipal.

O encerramento da Maternidade vem de encontro ao propósito de encurtar um país já de si geograficamente pequeno. Concentrar as pessoas à volta das grandes cidades do Litoral e se possível enviar algumas para fora do país (convite reiterado por diversas vezes por elementos do Governo). O que é pequeno controla-se, digo, governa-se, mais facilmente.

A propósito de amores, dizia uma personagem de Gil Vicente "Mais quero um asno que me carregue, que cavalo que me derrube". É simplista dizer que neste e noutros casos temos burros a quererem derrubar-nos. Sabemos que uma população sem acesso à Cultura, Educação ou Saúde é uma população que tem menos capacidade de intervir, reivindicar e exercer o seu direito de Cidadania. Os resultados (as receitas) nestas áreas não se medem necessariamente em dinheiro nem de imediato. Estes resultados têm um prazo de validade mais amplo e tornam as pessoas mais exigentes com aqueles que nos governam. Tornam as pessoas mais livres, e é disto que aqui se trata.

Nota 1: Sobre a extinção da Culturguarda pode ler-se mais no Café Mondego e no Sobre o Risco.

Nota 2: Aos asnos, perdão, tecnocratas que nos governam faço o convite de visitarem a Guarda. O tempo está agradável e podem assim durante uns dias constatar a actividade da Culturguarda. Parem para beber uma bebida fresca no Café Concerto. Vão à Feira de São João. Participem nas Visitas Encenadas (este ano sobre a presença judaica na Guarda e uma subida ao Cabeço das Fráguas). Vão apreciar a exposição de Cesariny. Talvez no regresso tenham aprendido alguma coisa e pensem de modo diferente.

Nota 3: Aqui fica a programação do TMG até Julho.